A Noite dos Pirilampos

Decidimos trocar o serão de ontem por um passeio noturno pelos trilhos do Parque Biológico de Gaia para observar o voo mágico dos pirilampos.

Andamos exaustos, é verdade. Mas o calor amolece o cansaço, é verdade também.

Esta foi uma experiência memorável.

Já o sol se tinha escondido e pusemos os pés ao caminho por entre o denso bosque do parque e o seu mais completo breu. Como referência tínhamos apenas as mãos, que nos uniam uns aos outros, os trilhos, que sentíamos firmes sob os pés, e um monitor do parque, que apesar de equipado com uma lanterna avisou desde logo só estar disposto a usá-la em caso de estrita necessidade. Tudo o resto era escuridão, silêncio e o entusiasmo próprio de experienciar algo absolutamente novo.

E eis que então, quando já tínhamos aprendido a desafiar os imponderáveis do escuro, vimos a escuridão ser quebrada por pequenos e incontáveis pontos de luz. Pelo ar, os machos. Pelo solo, as fêmeas. Aos milhares, fragmentos ágeis de luz, em voo pisca-pisca, numa dinâmica própria do fenómeno do acasalamento que ocorre precisamente por esta altura do ano.

Ficámos rendidos. À magia deste voo ímpar. À natureza por nos proporcionar, ainda que na cidade, uma experiência tão surpreendente e única quanto esta.

Único foi também sentir, para além dos cercados que ladeavam os trilhos, a presença invisível da fauna do parque. Embora não se vissem, eram percetíveis os contornos de alguns animais, os seus ruídos e os seus cheiros. Igualmente único foi ainda perceber que os nossos meninos são tão companheiros quanto valentes, ao ponto de se terem mantido despertos e sem receio ao longo de todo este passeio noturno.

Temporada após temporada, as Noites dos Pirilampos do Parque de Biológico de Gaia têm gozado de um enorme sucesso, com lotação esgotada em todas as noites que compõem cada evento. Este ano não é exceção, como não será com certeza no próximo também. Daí que fique aqui a nota, para quem possa estar interessado em participar, de que as inscrições para estas atividades, que ocorrem em junho, se realizam a partir de abril de cada ano.

Marca na agenda e fica atento!



Não tenho fotografias da visita porque, para além de não ser permitido o uso de flashes, nem sequer saberia fotografar o que vi. Aqui fica uma imagem que encontrei por aí e que ilustra um pouco a experiência.

Comentários